sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A Dieta Líquida e uma Surpresa desagradável

Hoje é dia 06 de agosto de 2009. São exatos 15 dias da cirurgia. Estou bem e aliviada. Hoje passei da dieta líquida para pastosa. Não é um drama que estou fazendo não. Essa fase é muito difícil. Difícil porque você não mastiga mais. Difícil porque um dia você tem uma vida normal, comendo de tudo o que você quer e no outro não pode. Você só pode ingerir 50ml. Sabe o que são 50ml? Aquele copinho descartável de café!!! Tudo bem, a gente não sente fome... Mas vai perguntar para o gordo o que é fome! Você pensa que o gordo sente isso? Que sabe distinguir dentro do seu estômago dilatado o que é falta de comida? Enfim... Fica pra vocês a reflexão.

Meu primeiro dia da dieta líquida foi muito chato. Chato porque tinha que me hidratar de 30 em 30 minutos e isso implicava em ficar no ar. Isso era péssimo porque eu tava cansada e sonolenta... Nesse dia eu tomei intercaladamente 50ml de água, água de côco, suco de pêra e o caldinho de legumes com frango. Eu não senti fome alguma, mas tomei os líquidos na hora certa. A melhor hora do dia foi quando chegou a hora de dormir. Arrumei uma posição de lado e ainda foi difícil dormir uma noite inteira. Acordei uma vez para urinar e várias outras para trocar de posição. Senti durante a noite que a veia que estava com o cateter estava mais dolorida.

O segundo dia foi tranqüilo, continuando a me hidratar como no dia anterior, somente acrescentando o suco de laranja lima com cenoura. Meus pais fizeram uma big compra no horti-frutti para mim e ficamos abastecidos de todas as coisas que necessitava nesses primeiros dias. No final do dia estava irritada com a rotina de ter que beber e beber o tempo todo, mas uma coisa estava notando: Estava emagrecendo. \o/ A noite de sono foi melhor. Acordei novamente uma única vez e menos vezes para trocar de posição. Notei que não só a mão estava dolorida, e sim o antebraço!

Quando acordei a dor já estava incomodando e quando eu movimentava o braço doía ainda mais. =S Mas deixei passar.... O Dr. Paulo me ligou para saber como eu estava e disse que estava tudo sob controle. O terceiro dia foi estranho... Comecei a ver meus pais e meu sobrinho comendo normalmente e fiquei mais chateada ainda. Não que estivesse com fome, mas por estar presa à uma dieta líquida que me limitava as opções alimentícias. Vendo televisão ouvi alguém comentar sobre pastel e eu comecei a imaginar um pastel de queijo fresquinho com aquele queijo super derretido e ainda saindo aquele pouquinho de gordura!... Comecei a delirar com esse desejo! Fiquei preocupada com esse meus pensamento, mas também deixei passar. A melhor hora do dia foram as visitas que recebi no final da tarde. Meus amigos e uma pessoa especial que trouxe um lindo arranjo de flores. É muito bom sentir-se querida, ainda mais por quem amamos! A noite foi boa. Acordei menos.

No quarto dia acordei assustada! Sonhei que tinha passado a noite comendo batatas fritas e pensei assim que abri os olhos se eu realmente havia feito isso. Mais uma vez lembrei o que o psicólogo disse sobre o risco de morte se não cumprisse com a dieta. Meus tios vieram me visitar de surpresa e foi muito agradável! Ainda pela manhã saí para comprar leite desnatado e Nutren Active, porque no quinto dia mudaria a dieta Fiquei muito preocupada com os meus impulsos. E o pior: O braço estava doendo demais. O braço inteiro!!! Não dava mais para ignorar o que estava acontecendo. Não conseguia esticar o mesmo! Não pensei duas vezes: Liguei para o Dr. Paulo. Ele disse que estava com flebite. Me passou voltaren supositório e reparil gel para colocar com compressa de água quente. Fiquei chateada e achando que o problema tinha haver com a TVP de alguns anos atrás, ou seja, pela minha grande tendência a ter problemas venosos. Ele pediu para ligar em dois dias para dizer como estava.

Por incrível que pareça, acordei ainda pior do braço! Mas achei que era porque não tinha feito o efeito do remédio. Acordei lembrando que sonhara com pizza e cheeseburguer com fritas!!! Em muita quantidade!!! =S
A grande novidade do dia foi o leite desnatado para fazer mingau e também para vitaminas com fruta. E uma surpresa: Minha menstruação desceu! Não entendi nada porque estava tomando contraceptivo. No entanto já haviam me falado que a anestesia geral com uma grande cirurgia alterava todo o corpo e isso facilmente poderia acontecer.... Mas o pior de tudo foi que meu pai teve crise nervosa e deixou todos de casa desestabilizados. Eu que já estava sensível chorei horrores. Queria fugir, mas ir pra onde? Tinha que ficar em casa e me recuperando gradativamente. Nesse dia também eu fui até uma agência bancária um pouco distante da minha casa. Fui à pé e passei em várias lojas. Precisei comprar remédio e ração especial para a minha gata que não estava bem. Quando cheguei em casa, passei o resto do dia deitada vendo séries em dvd, tamanho o cansaço que me abateu.

Continuei me medicando, ainda sem ver melhoras. Liguei para o Dr. Ele disse que a minha flebite provavelmente demoraria um mês para ir embora. =O Ainda confirmou que a minha menstruação ter vindo era completamente normal. Fiz uma besteira nesse dia: Coloquei canela no mingau e senti um incômodo no estômago. Mandei email para a Dra. Andréia e ela disse que só pode canela com 4 meses!!! =O Fiquei preocupada e resolvi seguir apenas o que estava escrito lá na dieta. Resolvi não tomar vitamina na hora da colação porque não estava descendo bem. Troquei pelo iogurte. Nisso já estava tomando três iogurtes por dia! =O

Os outros dias seguiram sem muitas alterações, salvo que a partir do décimo dia a sopa podia ser passada na peneira e podia colocar um caldinho de feijão misturado na sopa. Senti em alguns dias que tomar a sopa (momento mais agradável do dia, nas refeições) abria meu apetite e sentia um pouquinho de fome, quase nada (pelo menos eu acho).
O meu estômago fazia barulhos incríveis. Às vezes dava a impressão de que estava falando, que arrotava... Muito louco isso... Os líquidos percorriam o meu corpo e eu sentia tudo. Soltava muitos gases, mas ainda bem que não tinha cheiro algum! rsrs Estranho demais. Pior quando eu tomava os líquidos mais rapidamente. Meu estômago borbulhava. Muito estranho, mas como já havia lido alguns relatos de operados, sabia que era normal. Fui ao banheiro fazer número dois logo no terceiro dia, e depois acabei indo quase todos os dias. Tudo na normalidade!

No décimo terceiro dia tive crise nervosa. Cochilei antes da hora de fazer a ultima refeição que seria o iogurte com nutren e acordei com uma dor incrível no pulso! Estava extremamente irritada com a dor latejante. Lembrei que tinha que tomar a última refeição porque era com o nutren e minha consciência pesou. Como tinha q tomar o analgésico em gotas fui até a cozinha preparar um pouco de leite com a vitamina. Estava tão chateada e sem vontade pra nada que coloquei as duas xícaras em cima da mesa. Comecei a colocar adoçante no leite e nem reparei, fui colocando 40 gotas na água para o meu analgésico. Quando fui tomar percebi que havia colocado adoçante e não o remédio. Isso me irritou profundamente. Tentei ser durona e não tomar mais nada, nem leite e nem remédio, mas a dor aumentou de tal maneira que escovei os dentes e tomei o mesmo. Em alguns minutos adormeci e dormi a noite inteira, só acordando pela manhã. A fome (mais a necessidade de mastigar) e a dor alteram muito o nosso humor. Nesse caso a dor quase me enloqueceu!

A seguir: A volta ao médico.

sábado, 1 de agosto de 2009

A Volta para Casa

Logo pela manhã veio a Patrícia e ela indagou:
“Está cansada?”
Disse: “Não dormi a noite inteira por causa dos litros de soro que tomei”.
“E as dores?”.
“Aliviaram, mas só passou umas 9 da noite...”, daí ela reclamou que estava desconfiada que os enfermeiros não deram a dosagem certa do medicamento para dor.
Comentei: “Até agora não vi como estão as incisões...”
Ela levantou o meu roupão e disse: “Por que não? Está tudo ótimo. Coladinho!”.
(Sim, eu usei uma cola chamada DERMABOND ao invés de ponto. Por um preço a mais você fica com uma marca bem mínima...)
Patrícia disse que o Dr.Paulo viria para me dar alta e eu não via a hora de isso acontecer!!!!

Passou um tempinho e veio um rapaz sorridente falar comigo: “Olá, tudo bem? Eu sou o Dr. Fernando, da equipe do Dr. Paulo. Noooooossa, você está ótima!”.
“Poxa, Dr, que nada... Tive uma noite péssima, levantei 12 vezes para fazer xixi”... =(
“Isso é meio que uma tática nossa para você não correr risco de ter embolia pulmonar”. Despediu-se dizendo que o Dr. Paulo iria lá me dar alta, mas que antes viria a enfermeira tirar o meu soro para que eu pudesse tomar um banho livre.

BANHO BANHO BANHO \o/

Veio minha primeira água de coco e demorou mais ou menos 1 hora para que a enfermeira viesse liberar o meu braço esquerdo. Reparei que minha mão estava inchada e que o esparadrapo apertado havia feito um calombo próximo ao meu pulso... Não estava gostando nada disso. Estava super dolorido. Mesmo depois que tiraram o soro e só ficou o cateter, estava muito dolorido, limitando a minha movimentação.

Peguei minhas coisas e fui tomar o meu banho. Estava com a perna direita com um resto de adesivo azul, que subia do meu calcanhar até a minha panturrilha. Esfreguei com um pouco de gaze e sabão, mas foi difícil de sair. Estava também com um adesivo na minha virilha direita, mas como não sabia o que significava, não tirei. Tomei banho e enquanto estava na ducha fria, percebi pela fresta da porta de correr do banheiro da enfermaria que o Dr. Paulo havia entrado no quarto. Como percebeu que estava no banho foi embora.

Saí do banho e chegou um suco de pêra. Tomei e fiquei arrumando as minhas coisas. Minha mãe chegou. Ficamos conversando com a Aída até que decidi colocar minha sandália e dar uma volta no corredor. Quando passei pela cabine de enfermagem, veio uma enfermeira me perguntar quanto de corticóide que eu tomava.... Não entendi nada. Apenas respondi que ela devia estar me confundindo. Que eu não tomava nenhum medicamento!... Daí ela falou:
“Você não é a Andressa?”.
“Não...”.
“Então vem cá conhecer a sua irmã. Ela também está de vestido preto”.
E me levou ao quarto 104. Lá estava a Andressa deitada. Logo nos conhecemos e começamos a comparar as nossas cirurgias, o que sentimos e rimos um pouco, porque por pouco não estávamos como mesmo vestido! Isso é que dá estar acima do peso e ter que comprar o que nos serve e não o que queremos. Mas graças a Deus isso mudaria em breve. Perguntei à ela se o Dr. já havia passado lá e ela disse que sim, mas que estava tomando banho! Poxa... Quanta coincidência!

Voltei para o meu quarto e ficamos eu, minha mãe e Aída conversando e assistindo Tv. Fiquei ansiosa esperando, até que resolvi dar mais uma volta no corredor. Vi o quarto de Andressa aberto e entrei. Perguntei se o Dr. Já tinha passado lá. Ela disse que sim, que tinha ido pegar a receita. Mal respondeu isso veio o Dr. por trás de mim e disse:
“Que que a senhorita está fazendo aqui?”.
“Ué... O senhor não disse que eu tinha que andar?...”.
E começou a explicar a medicação dos primeiros dias. Despediu-se dela, fazendo algumas piadinhas com a sua mãe e disse que estava indo no meu quarto. Voltei animada pra lá avisando a minha mãe que ele já viria. E de fato não demorou para chegar trazendo a minha receita. Disse para tomar 1 Pantozol 20ml por dia pela manhã, novalgina se tivesse dores e luftal se tivesse gases. Disse para tomar cuidado com a dieta e voltar em 10 dias no consultório para poder me ver e para eu passar na nutricionista. Para qualquer coisa ligar pra ele e me deu os telefones. Perguntei se podia tirar o adesivo da virilha e ele disse que sim e também alertou para não esfregar em cima das incisões na hora do banho, senão sairia a cola.... Pediu para aguardar o papel da alta e a enfermeira que viria tirar o cateter da minha veia.

Aguardamos e fomos embora. Na recepção tive que pagar uma conta do centro cirúrgico que não havia sido informada: R$16,00. Tudo bem que não foi muito cara...
E fomos para o estacionamento pegar o carro. Não estava acreditando que ia pra casa tão rápido! Que feliz!!! =) Muito bom o hospital e o atendimento. O cuidado dos enfermeiros, tudo!
Dentro do carro meu pai disse que estava conversando com um dos seguranças que fica no estacionamento e perguntou qual era o carro do Dr. Paulo Athayde.
“Não é carro. É essa possante aqui”.
Vocês não podem imaginar o tamanho da moto! Enorme! Super esportiva! Q legal.....

Saímos do Rio Comprido e chegamos tranquilamente na Ilha. Paramos na farmácia para comprar o Pantozol e os outros medicamentos. Atravessei a rua e fui ao Horti-Fruti. Estava a maior fila e eu tinha duas garrafas de água de coco pra comprar. Falei para a atendente do caixa que estava operada e ela me atendeu rapidamente. Atravessei de novo e fui para casa.
Vi a minha tia e os meus primos na porta do prédio. Todos assombrados com a minha boa aparência. Subi as escadas. Que sensação boa. Estava em casa. Muito bom voltar ao Lar!